Comissão da Linha do Oeste diz que obras continuam paradas entre Sintra e Torres Vedras

A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste revelou que as obras para a modernização da linha ferroviária entre Meleças (Sintra) e Torres Vedras continuam paradas, comprometendo o financiamento comunitário atribuído. Segundo a comissão, as obras estão paradas há dez meses, uma demora “inconcebível em cima dos atrasos que esta obra já tem”.

Em declarações à Agência Lusa, citado pelo Diário de Notícias, Rui Raposo, membro da comissão, revelou que a “única intervenção em curso em todo o troço é a implantação de torres de comunicações”. “Há remoção de terras, mas neste momento não há máquinas no terreno, não há homens, não há rigorosamente nada, nem aqui nem nos outros pontos do troço entre Meleças e Torres Vedras”, sublinhou.

A comissão exemplificou que existem “obras de arte inacabadas” com casos em que foram erguidos pilares de um lado da via e não o foram do outro.

Por outro lado, indicou que há obras que não foram iniciadas como as que estão previstas para os quatro túneis do troço, o “rebaixamento do piso do túnel da Sapataria” ou a implantação do tabuleiro e de catenárias para a eletrificação da linha, no caso em que vão ser feitas correções de traçado ou duplicação da via.

“As intervenções para a correção das plataformas das estações e apeadeiros prevendo os futuros comboios que poderão vir a circular aqui na linha do Oeste ainda não foram feitas”, acrescentou.

Os defensores da Linha do Oeste lembraram que a empreitada, que começou em novembro de 2020 por um prazo de dois anos, já deveria ter terminado.

A Infraestruturas de Portugal, empresa responsável pela adjudicação da empreitada “tem enterrado a cabeça na areia, fingindo que as obras existem quando não existem e não dá explicação nem reconhece que existem atrasos, que são de monta”, criticaram.

A comissão reiterou que os atrasos “podem prejudicar todo este processo até no plano do financiamento comunitário, porque os financiamentos comunitários para este projeto implicavam que a obra estivesse concluída até 31 de dezembro deste ano”.

A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste vai promover “ações de denúncia e de exigência para que as obras sejam urgentemente retomadas” e equaciona manifestações populares.

O projeto de eletrificação e modernização da Linha do Oeste (Sintra/Figueira da Foz) está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira de 61,7 milhões de euros no troço entre Mira Sintra-Meleças (Sintra) e Torres Vedras, no distrito de Lisboa. A segunda, orçada em 40 milhões de euros, é entre Torres Vedras e Caldas da Rainha e está a decorrer.