Oeste: horticultores com quebras entre 40 e 50% em várias culturas

A seca e a falta de água estão a trazer prejuízos para a produção hortícola na região Oeste. Sem água no rio e com a captação subterrânea abaixo dos níveis normais por causa da seca, Pedro Guilherme soma quebras na produtividade e prejuízos nas culturas de hortícolas.

Aos prejuízos já contabilizados da batata e das couves da última campanha, com preços de venda baixos e custos de produção elevados, este horticultor começa agora a fazer contas à sua produção de abóboras, prejudicada pela seca.

Em declarações à Agência Lusa, citado pelo Observador, Pedro Guilherme diz que no ano passado conseguiu à volta de cinco hectares, com “uma produção muito maior.” Este ano, explica, “tenho os mesmos hectares, mas devo ter à volta de 40 mil quilogramas a menos devido à seca”.

Com as incertezas quanto à disponibilidade de água nos próximos meses, Pedro Guilherme ainda não decidiu se vai plantar os 80 mil pés de repolhos que encomendou para plantar em outubro. “O furo está mesmo em baixo. Não está previsto vir chuva tão cedo, então não sei se vou plantar ainda. Se não tivermos água, como vou plantar?”, questiona.

Pedro Guilherme é um dos muitos agricultores que, devido à falta de água, tem vindo a reduzir a área de cultivo e a restringir as encomendas de plantas para a campanha de couves do próximo inverno.

Nos viveiros de plantas Pé da Planta, no concelho da Lourinhã, cerca de metade da área de 3,8 hectares está ocupada, devido à redução do número de encomendas, por receio que a seca esteja para ficar nos próximos meses.

“Este ano andamos à volta de 50 a 60% porque não há água, as pessoas têm medo de fazer encomendas e depois não conseguirem plantar e nós não semeamos a mais”, afirma Luís Pereira, sócio-gerente da empresa, que aponta para uma quebra de 50% na produção de couves na próxima campanha.

As charcas que a empresa possui para reter as águas da chuva e regar o viveiro de plantas há muito que deixaram de estar cheias e estão a menos de metade da capacidade. “Se não chover no mês de outubro, começo a ter medo. Onde vou ter água em outubro?”, pergunta.

A Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO) estima para este ano quebras de 40% na produção de abóbora, que foi de cem mil toneladas em 2021, e de couves. A associação pede “urgentemente uma estratégia” para a falta de água no sentido de assegurar o futuro do setor na região.

“Tememos que as próximas campanhas estejam em risco. Hoje, os produtores têm algum receio do que vão fazer porque estamos no verão e não há previsão de chuva. E a próxima campanha está a começar e não temos reservas de água e os furos estão secos”, alerta Renato Gouveia, técnico da associação.

Na região Oeste, os campos deixaram de ter humidade no subsolo e as captações de água subterrâneas deixaram de ter água em abundância com a seca prolongada, por isso são pedidos investimentos em sistemas de retenção das águas das chuvas e dos rios.

Estima-se que mais de metade da produção nacional de hortícolas seja produzida na região Oeste.

O setor hortícola fatura cerca de 500 milhões de euros e emprega entre sete e oito mil trabalhadores quer nas explorações agrícolas, quer nas centrais de processamento e transformação dos produtos.