Oeste: marcha lenta pelo setor agrícola leva agricultores até às Caldas da Rainha

Sensibilizar a opinião pública para a “real situação do setor agrícola” e “fortalecer os representantes para as negociações de apoios e soluções para o sector” sãos os objetivos da marcha lenta de tratores, marcada para esta quarta-feira, 18 de maio, e que vai percorrer parte da região Oeste. A marcha lenta vai partir da Lourinhã e tem como destino final as Caldas da Rainha. Na base da contestação está o aumento dos fatores de produção, da energia e dos lubrificantes, assim como dos combustíveis.

Em comunicado, a Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO) – uma das quatro associações promotoras da iniciativa -, destaca o aumento dos combustíveis no primeiro trimestre do ano, com o gasóleo rodoviário simples a aumentar cerca de 33% e o gasóleo verde cerca de 43%. “Aumentos que afetam diretamente a produção”, destaca a associação, “uma vez que o gasóleo verde é essencial às atividades inerentes da produção, com destaque às operações culturais mecanizadas e à rega, enquanto o gasóleo rodoviário afeta todas as atividades logísticas do setor”.

Entre março de 2021 e março deste ano, os custos com os fatores de produção aumentaram 166,5% e a eletricidade, necessária para combater o período de seca, 28,7%, referem, citando dados oficiais.

Citando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as organizações promotoras da marcha lenta alertaram para variações negativas nos índices de preços dos hortícolas frescos e da batata comparando 2021 e 2022, sendo de -25,6% nos hortícolas e de -20,3% na batata entre janeiro de cada ano.

Como soluções, os agricultores pedem apoios diretos ao consumo de combustíveis e da eletricidade. Exigem ao Governo a isenção de impostos no gasóleo agrícola à semelhança do que acontece na pesca. Defendem “uma verdadeira medida para a eletricidade verde”, com apoios direcionados para o consumo e não apenas para a potência contratada.

Os agricultores pedem também investimentos do Governo em infraestruturas de armazenamento de água para combater os períodos de seca e uma regulação dos preços dos produtos agrícolas.

“É imperativo que a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar seja reativada, e que para além de elaborar documentos, como o Código de Boas Práticas Comerciais para a Cadeia de Abastecimento Agroalimentar, seja garantida a sua aplicabilidade, de modo a existir uma justa distribuição dos valores em toda a cadeia”, sublinha a AIHO no comunicado.

A marcha lenta vai arrancar da Lourinhã, com concentração às 7h30, junto ao campo da feira, e vai terminar nas Caldas da Rainha, com passagem pelos concelhos de Peniche e de Óbidos. Nas Caldas da Rainha vão concentrar-se junto à Delegação do Oeste da Direção regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo.