Da Gronelândia para a Lourinhã: fósseis descobertos em expedição expostos no Museu da Lourinhã

Quatro expedições à Gronelândia – realizadas em 2012, 2016, 2017 e 2018 – estão na origem da nova exposição temporária do Museu da Lourinhã “À descoberta do Triásico”. A expedição surgiu através de um convite feito ao paleontólogo lourinhanense, Octávio Mateus, pelo investigador dinamarquês Jesper Milàn que, nos anos 90, foi voluntário no Museu da Lourinhã.

Octávio Mateus foi um dos investigadores do Museu envolvido na expedição. Na inauguração da mostra, no último sábado, o paleontólogo destacou a importância do Triásico Superior, altura em que apareceram os primeiros mamíferos e dinossauros.

Perceber os animais do Triásico é compreender a origem dos principais grupos de animais vertebrados do nosso planeta”.

As expedições levaram a novas descobertas científicas, acessíveis ao público, pela primeira vez, no Museu da Lourinhã. Fósseis de um fitossauro estão entre os achados encontrados.

Ao todo, foram encontrados restos de pelo menos quatro indivíduos: um bebé, um juvenil e dois adultos. O fitossauro está entre as descobertas mais importantes da expedição, por se tratar de uma nova espécie para a ciência que será divulgada em breve.

Em exposição estão também dois crânios de um sauropodomorfo – de juvenil de um adulto –, o Issi saaneq. “Um deles é o exemplar de referência a partir do qual a espécie é reconhecida e recebe um nome: um holótipo”, explicou Octávio Mateus.

Em exposição estão também fósseis de um docodonte e de um peixe pulmonado. Uma exposição, sublinha Octávio Mateus, “com fósseis únicos”.

Onde o sol brilha 24 horas por dia

Todas as expedições decorreram durante o verão, altura em que o sol nunca se põe. A única exceção é no dia 1 de agosto, “altura em que o sol se põe e volta a nascer cinco minutos depois”.

As primeiras duas expedições tiveram a duração de um mês cada e as restantes duraram apenas alguns dias. Na Gronelândia, os investigadores tinham sempre consigo uma arma de fogo para se defenderem em caso de ataque por ursos polares.

As escavações realizadas permitiram recolher três toneladas de material com ossos. No laboratório do Museu da Lourinhã foram preparados mais de 300 fósseis, desde a remoção de rocha à inventariação e acondicionamento, passando pela estabilização e consolidação dos espécimes.

Para além de Octávio Mateus participaram também nas expedições Marco Marzola, Víctor López-Rojas, Sofia Patrício, Victor Beccari e Valerian Jésus.

Para o verão do próximo ano está já prevista uma nova expedição que, segundo revelou Octávio Mateus, será assegurada através de financiamento particular por um cidadão dinamarquês.