Aeroclube de Torres Vedras participa em projeto para localizar incêndios e antecipar combate através de drone
Investigadores do Instituto Superior Técnico (IST), da Universidade de Coimbra e da Academia da Força Aérea desenvolveram tecnologia para drone que permite localizar um incêndio e antecipar em 20 minutos o processo de deteção e o início do combate.
O projeto, que obteve 370 mil euros de financiamento do Governo no âmbito de concursos abertos para projetos relacionados com incêndios florestais, após os incêndios de 2017, contou com a participação o Aeroclube de Torres Vedras, localizado em Santa Cruz.
Segundo o Jornal Expresso, que cita a Agência Lusa, “os drones já recolhem imagens do fogo, mas, além de não puderem coexistir com os aviões de combate devido à partilha do espaço aéreo, não têm sistema de localização instalado e essas imagens têm depois de ser analisadas e comparadas, indo ao Google Maps para tentar localizá-las”.
O coordenador da investigação, Alexandre Bernardino, do IST, explica que no âmbito deste projeto, um drone foi dotado de duas câmaras de vídeo, uma das quais de infravermelhos, e tecnologia de georreferenciação “precisa e que elimina erros de coordenadas”, autonomizando o processo de localização do incêndio.
A partir de um veículo, a cerca de 20 quilómetros do fogo, é possível operar o drone até à frente de fogo, reduzindo assim o risco de envolver meios humanos nas proximidades das chamas.
“Se tivermos um sistema que, do ar, consiga captar imagens, localizar na imagem onde está o fumo e o fogo e converter essa informação para coordenadas do terreno consegue-se criar o mapa do incêndio e visualizar onde ele está”, refere o especialista em robótica e visão artificial.
As imagens recolhidas pelo drone são depois transmitidas e monitorizadas a partir de um computador. À medida que o drone recolhe a imagem, são de imediato calculadas as coordenadas do terreno.
Com esta tecnologia, “podemos melhorar o processo de deteção em 20 minutos, embora a questão não esteja validada por estudos exaustivos e advenha da experiência dos meios de combate”, acrescentou.
Segundo o investigador, a tecnologia já existente está relacionada com a deteção precoce de incêndios, permitindo detetar um fogo, em média, 10 minutos após deflagrar. Contudo, apontou “problemas de deteção e localização sobretudo quando os incêndios atingem uma certa dimensão”, justificando assim a inovação da tecnologia, ao dotar o posto de comando de “informação mais precisa e mais atempada”.
Além disso, o sistema criado consegue “em apenas três minutos prever o que vai acontecer ao fogo nas próximas quatro ou cinco horas”, adiantou, possibilitando aos meios de socorro proteger localidades em risco e reposicionar meios de combate.
A investigação foi iniciada em março de 2019 e vai terminar neste primeiro trimestre do ano. O projeto está em fase de demonstração de resultados junto dos agentes da Proteção Civil e de estudo de exploração comercial.
“Temos boas perspetivas de a tecnologia ser integrada no sistema de combate incêndios”, disse o coordenador, acrescentando que, numa primeira fase, poderá ser usada “para monitorização noturna, quando os aviões de combate não voam”, devido aos problemas de partilha do espaço aéreo.
O trabalho envolveu 20 especialistas em robótica, visão artificial e inteligência artificial e tem como parceiros o Instituto de Telecomunicações do IST, a Associação para o Desenvolvimento Aeronáutico Industrial da Universidade de Coimbra, o centro de investigação da Força Aérea, o Aeroclube de Torres Vedras e a empresa Uavision.