“Aguardentes ricas e mais complexas”: autorizado envelhecimento de aguardente em madeira de castanheiro

Foi autorizado o envelhecimento da aguardente produzida na Região Demarcada da Lourinhã em madeira de castanheiro. A portaria que aprova o envelhecimento da aguardente neste tipo de madeira foi publicada no passado dia 12 de Março em Diário da República. Até então, o envelhecimento da Aguardente DOC Lourinhã só era autorizado em barris de carvalho.

Sara Canas é a investigadora responsável pelo projecto OXYREBRAND. A desempenhar funções no Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) há mais de 25 anos, a investigadora tem se dedicado ao estudo da aguardente, sobretudo ao seu envelhecimento. Em entrevista à RCL, Sara Canas conta-nos que o envelhecimento da aguardente em madeira de castanheiro começou a ser estudado em 1996. A rapidez no processo de envelhecimento, bem como o reduzido valor das barricas, mais favoráveis a nível económico para os produtores, foram alguns dos benefícios apontados pela investigadora.

As características da madeira de castanheiro conferem “maior riqueza de compostos à aguardente”. Para a responsável, este é um factor que irá dar origem a “aguardentes mais ricas e complexas, tanto a nível de aroma como de sabor”.

Os estudos levados a cabo no âmbito do projecto OXYREBRAND envolveram a utilização de barricas de vários tipos de madeira, onde era colocado, em simultâneo, a aguardente vínica. Nas provas realizadas no INIAV, os provadores classificaram sempre melhor as aguardentes envelhecidas em madeira de castanheiro.

A madeira de castanheiro é proveniente de uma árvore existente nos países da bacia mediterrânica, onde se incluí Portugal. A sua utilização é, segundo Sara Canas, uma “mais valia”, uma vez que se trata de uma madeira que faz parte da nossa flora.

O trabalho colaborativo entre o INIAV e a Adega Cooperativa da Lourinhã arrancou na década de 70, tendo sido impulsionado por Pedro Belchior. Sara Canas considera que nos projectos de investigação, é necessário o trabalho de colaboração com a indústria. Para além do conhecimento científico, é também uma mais valia para o desenvolvimento do sector vitivinícola.

O projecto OXYREBRAND é financiado pelo Orçamento de Estado (através do Fundo para a Ciência e Tecnologia) e pelo FEDER em cerca de 236 mil euros. Com início a 18 de Outubro de 2018, o projecto estará concluído em 17 de Abril de 2022.