Centro Hospitalar do Oeste pioneiro em tratamento que repõe defesas do sistema imunitário

Foto: CHO

O hospital das Caldas da Rainha é o primeiro do país a administrar Imunoglobulina Humana Subcutânea Facilitada a doentes com défices do sistema imunitário.

Em comunicado enviado à nossa redação, o Centro Hospitalar do Oeste (CHO), explica que este tratamento, “essencial à vida dos doentes com défices do sistema imunitário (imunodeficiências por défice de produção de anticorpos), repõe as defesas que estes doentes não conseguem produzir para combater as infeções”.

O procedimento foi realizado no dia 20 de abril, pela Unidade de Imunoalergologia do CHO, coordenada pela médica Susana Carvalho e que tem em seguimento doentes com Imunodeficiências Primárias, patologias recentemente renomeadas de Erros Imunitários Congénitos. Falamos de doenças que se caracterizam por défices do sistema imunitário que levam a infeções repetidas, bem como outros fenómenos de imunodesregulação, tais como a autoimunidade, e doenças oncológicas.

“Trata-se de um grupo de mais de 450 doenças diferentes que fazem parte do âmbito da especialidade de Imunoalergologia”, refere o Centro Hospitalar, acrescentando que “a terapêutica com imunoglobulina é fundamental para a sobrevivência destes doentes, reduzindo o risco de infeções fatais”.

O tratamento pode ser feito por via endovenosa ou subcutânea, sendo que a modalidade endovenosa implica infusões em Hospital de Dia com duração de várias horas, “com periodicidade por vezes bimensal, com impacto importante na vida dos doentes e condicionando absentismo laboral e escolar”. Já a formulação subcutânea “permite a administração pelo próprio doente no domicílio, mas, até agora, a imunoglobulina subcutânea só estava disponível em Portugal na modalidade convencional, levando os doentes a necessitarem de infusões semanais ou bissemanais”.

Na nota, o CHO refere que a nova modalidade terapêutica “vem revolucionar o modo de administração, dando mais liberdade e autonomia aos doentes”, que “passam a poder efetuar o tratamento comodamente em suas casas apenas uma vez por mês”.

A inovação é devida à administração de uma enzima, a hialuronidase humana recombinante, que permite a criação de um espaço debaixo da pele para receber maiores volumes de imunoglobulina.

As primeiras administrações ocorrem em meio hospitalar, “sendo efetuado o ensino da técnica de administração ao doente pela equipa médica e de enfermagem, passando o doente a fazer o mesmo no domicílio depois de se comprovar ter adquirido autonomia para o procedimento”.

O tratamento foi supervisionado pelo médico Ruben Duarte Ferreira (especialista em Imunoalergologia no CHO e secretário do Grupo de Interesse de Imunodeficiências Primárias da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica) e administrado pela equipa de enfermagem ligada à Unidade de Imunoalergologia, na Unidade de Caldas da Rainha.

Equipa do CHO

A administração “decorreu com sucesso, para grande satisfação da primeira doente a ser tratada e de todos os profissionais envolvidos”, considerou o CHO, adiantando estar previsto que o tratamento “seja progressivamente alargado a outros doentes com patologias deste foro durante os próximos meses”.