Museu da Lourinhã realiza estudo sobre dentes de saurópodes

A coleção de dentes de saurópodes do Museu da Lourinhã foi pela primeira vez alvo de um estudo, um trabalho liderado pelo investigador André Saleiro do Museu da Lourinhã e aluno de doutoramento em Geologia da Universidade NOVA.

Segundo um comunicado enviado à redação da RCL, este estudo focou-se “na variação da forma dentária destes dentes, fornecendo uma visão sobre a variabilidade dentária dos maiores dinossauros que alguma vez andaram no planeta Terra”.

Os saurópodes, espécime conhecido pelos seus “pescoços longos e corpos enormes”, prosperaram  durante os períodos Jurássico e Cretácico, tendo algumas espécies, atingido tamanhos comparáveis a um avião comercial como um Boeing 347. Na região Oeste, são atualmente conhecidas pelo menos 5 espécies de saurópode, em rochas do Jurássico Superior, datadas com cerca de 152-150 milhões de anos.

O estudo liderado por André Saleiro, descreve “pela primeira vez e em pormenor” mais de 50 dentes diferentes do espólio do Museu da Lourinhã, tendo os investigadores atribuído cada dente aos grupos de saurópodes que se sabe terem habitado o nosso país no Período Jurássico. Foram ainda registados cinco dentes pertencentes a indivíduos juvenis de diferentes grupos, achados que “não são muito comuns no registo fóssil…”.

O Museu da Lourinhã descreve que a equipa de investigadores “tentou utilizar matematicamente a variabilidade da forma dos dentes como ferramenta para melhor identificar a que grupo de saurópodes pertenciam”. Foram compiladas centenas de medições de trabalhos previamente publicados para avaliar a relação entre a altura e a largura do dente, conhecida como “slenderness” dentária.

A variação da “slenderness” dentária ao longo da evolução dos saurópodes, permitiu “compreender melhor estes gigantes fósseis”, afirma o Museu da Lourinhã.

Os dentes espatulados foram descritos como “muito semelhantes” aos do saurópode americano Camarasaurus, do grupo Camarasauridae, no qual está incluída a espécie Lourinhasaurus alenquerensis. Foram igualmente identificados dentes pertencentes aos grupos TitanosauriformesFlagellicaudata.

O estudo revela uma tendência na evolução dentária destes dinossauros, tendo-se tornado mais finos e compridos ao longo do tempo, uma mudança que pode estar relacionada a outras espécies herbívoras, para “um processamento mais eficiente das plantas”.

O Museu da Lourinhã conclui que este trabalho serve como um primeiro passo para o aprofundamento da investigação sobre a ecologia destes herbívoros gigantes, e sobre a paleoecologia de Portugal durante o Jurássico Superior. Serve igualmente como forma de dar a conhecer uma coleção paleontológica que, ao longo de mais de três décadas, tem vindo a crescer graças à conjugação de esforços de investigadores, trabalhadores, estudantes, voluntários e comunidade local.