No Dino Parque, Camilo ilustra uma espécie que habitou a terra há 150 milhões de anos

Tem 29 anos e veio para Portugal em plena pandemia, em 2020, para estudar ilustração científica na Universidade de Aveiro. Foi lá, numa formação em ilustração científica dada por Simão Mateus, que Camilo Esteban ficou a conhecer a Lourinhã e o Dino Parque. O gosto por Portugal – e pela Lourinhã – foi imediato. É aqui, na Capital dos Dinossauros, que está a desenvolver a sua tese de mestrado em Biologia Aplicada, com ênfase na componente de ilustração paleontológica.

O ilustrador colombiano está a trabalhar na ilustração de uma nova espécie de crocodilo que habitou a terra há 150 milhões de anos – uma descoberta que será divulgada em breve –, num projeto que está assente em três fases distintas. É no laboratório do Dino Parque, rodeado de fósseis, que Camilo tem estado empenhado em ilustrar o crânio deste crocodilo.

Representar o objeto de estudo à escala real foi uma das dificuldades com que Camilo Esteban se deparou no início do processo. Falamos de um desenho mais técnico, fora daquilo a que o ilustrador está habituado a desenhar.

“Tem de haver uma simbiose perfeita entre o ilustrador e o paleontólogo para se chegar ao melhor trabalho possível.”

O artista colombiano considera que este projeto vai ajudar na divulgação e valorização do concelho como “um sítio único”. “[É um território que] reúne todas as condições para encontrar os fósseis e para os trabalhar, com pessoas especializadas na área”.

Voluntariado e estágios em crescente

Os protocolos de cooperação estabelecidos entre o Dino Parque e as instituições de ensino superior – nomeadamente com a Universidade de Aveiro –, têm contribuído para o crescimento do número de estágios realizados no parque. Em 2022, foram mais de 1600 as horas de trabalho voluntário no laboratório.

Simão Mateus, diretor científico do Dino Parque, considera que o sucesso do maior parque temático ao ar livre da Europa também tem contribuído para este crescimento.

“[Os estágios são] uma mais valia para ambas as partes”, refere Simão Mateus: “tanto para o Dino Parque, que continua a produzir ciência e a mostrar aos visitantes como se produz paleontologia, e para as aprendizagens e preparação dos futuros profissionais”.

O paleontólogo – e também ilustrador – considera que a Lourinhã “tem de pensar muito num pólo universitário”. Na sua ótima, a escolha recairia sobre a Universidade Nova de Lisboa.

A partilha de conhecimentos e de experiências com alunos de outros mestrados é, para Camilo Esteban, algo que tem sido muito enriquecedor.

Camilo Esteban chegou ao Dino Parque no final de outubro

A estadia pelo Dino Parque do ilustrador colombiano termina no final deste mês. É na Veneza Portuguesa que vai continuar a sua tese de mestrado. No entanto, as visitas ao parque temático vão ser regulares, para o desenvolvimento da segunda e terceira fase deste projeto.

Na segunda fase da tese de mestrado, Camilo Esteban terá de ilustrar a espécie no seu habitat. Já a terceira e última fase diz respeito à modulação em três dimensões do animal. A publicação sobre esta nova espécie deverá acontecer até ao final do ano.