Novo estudo revela “características únicas” do leopardo-das-neves

Foto: crânio do leopardo do Algar da Manga Larga, depositado no Museu Geológico de Lisboa. Fotografia de Darío Estraviz-López, 2019

Uma equipa internacional de cientistas, de que fazem parte os investigadores do Museu da Lourinhã Darío Estraviz-López e Octávio Mateus, publicou os resultados de um estudo sobre a evolução e as adaptações da linhagem do leopardo-das-neves durante o período Quaternário.

Segundo um comunicado enviado à redação da RCL, este estudo destaca “características únicas” do leopardos-das-neves. “Enquanto os leopardos comuns evoluíram para caçar presas rápidas e ágeis em habitats parcialmente florestais, os leopardos-das-neves desenvolveram características distintas para dominar as paisagens montanhosas”, nomeadamente molares maiores, crânios abobadados e mandíbulas e patas mais fortes.

Também a visão binocular melhorada, uma grande estrutura craniana ectotimpânica, membros poderosos e uma cauda longa possibilitaram a sua sobrevivência em terrenos rochosos e estéreis.

Durante as fases mais frias da última Idade do Gelo, para além dos Himalaias e da China,  os leopardos-das-neves expandiram a sua presença para o Oeste, até à Península Ibérica, tendo o fóssil alvo deste estudo, sido encontrado em Porto de Mós, no início dos anos 2000.

O estudo sugere que “os leopardos-das-neves dão prioridade a terrenos íngremes e rochosos e a climas frios em detrimento de altitudes elevadas, desafiando as suposições há muito defendidas sobre as suas preferências de habitat. Futuras investigações irão explorar a neuroanatomia e a ecologia do leopardo do Algar da Manga Larga, obtendo mais informações sobre a fascinante história deste icónico predador das montanhas”

A equipa técnica do Laboratório do Museu da Lourinhã colaborou também noutro estudo sobre este espécime, através da recolha de amostras de osso para análises isotópicas.