Oeste: depois da marcha lenta de tratores, agricultores consideram que soluções do Governo são “insuficientes”

As associações representativas dos agricultores, que hoje se juntaram numa marcha lenta entre Lourinhã e Caldas da Rainha contra os prejuízos no setor, consideram que as soluções apresentadas pelo Governo são insuficientes, embora pretendam manter as negociações.

Sérgio Ferreira, presidente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO), uma das quatro associações que ontem estiveram reunidas com o secretário de Estado da Agricultura, Rui Martinho, diz que saíram da reunião “parcialmente satisfeitos, por haver diálogo [com a tutela] e abertura para avaliar outras soluções”. No entanto, o dirigente associativo considera que, para o momento, as medidas não são suficientes.

Citado pelo Portal Sapo, Sérgio Ferreira refere que as associações pretendem manter “em aberto” as negociações com a tutela no sentido de serem encontradas mais soluções para enfrentarem a crise no setor. O presidente da associação lourinhanense adiantou ainda que, da parte do secretário de Estado, as associações agrícolas obtiveram o compromisso de os apoios para a eletricidade verde “serem também ao consumo, além de serem também aplicados à potência contratada”.

A tutela, segundo o dirigente, vai também continuar a abrir avisos de candidaturas a fundos comunitários para a construção de infraestruturas para o armazenamento de água, para combater os períodos de seca, e para a instalação de painéis fotovoltaicos.

Além dos 27 milhões de euros já anunciados, foram prometidos mais 57 milhões de euros de apoio direto à produção, através do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural.

A tutela pretende também colocar em funcionamento, já no próximo mês, o Observatório de Preços, cuja criação foi anunciada na semana passada, para começar a reunir dados para a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar avançar com uma efetiva regulação dos preços dos produtos agrícolas.

Sérgio Ferreira adiantou também que Rui Martinho demonstrou “abertura” para vir a aproveitar as águas das Estações de Tratamento de Águas Residuais para regadio agrícola, assim como para avaliar a possibilidade de vir a isentar os agricultores do pagamento do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) aplicado ao gasóleo agrícola e de prolongar, a partir de julho, a isenção da taxa de carbono.

“Com a isenção do ISP teríamos um impacto de menos sete cêntimos por litro e teremos de pagar mais seis cêntimos da taxa de carbono, se a sua isenção não for prolongada”, estimou.

Recorde-se que esta quarta-feira mais de uma centena de tratores agrícolas circularam em marcha lenta entre a Lourinhã e as Caldas da Rainha, onde entregaram um caderno reivindicativo na delegação da Direção Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo, devido ao aumento dos custos de produção, que não conseguem refletir no preço de venda dos produtos ao consumidor final.