Oeste: horticultores ponderam reduzir área de cultivo até 50% devido à crise energética

O aumento generalizado de preços, sobretudo da energia e dos combustíveis, está a afectar a horticultura na Região Oeste, com os agricultores a ponderarem reduzir ou substituir por outras produções, como cereais.

António José Simões, agricultor, queixa-se do preço dos adubos que está a aumentar cerca de 50 a 60%, assim como o aumento do preço do combustível, que “está bastante mais caro desde o início do ano”, com os produtores a vender os hortícolas ao mesmo tempo dos outros anos.

A ponderar reduzir a área de cultivo em 40 a 50% para o próximo ano e substituir as produções de batata e couves por cereais, este agricultor pensa mesmo em parar a actividade a médio prazo.

As dificuldades sentem-se também nas centrais hortofrutícolas. Em declarações à Agência Lusa, citado pelo Portal Sapo, João Pedro Fernandes, gerente da empresa Simples & Frescas, diz-se preocupado com esta situação, “se os preços continuarem a subir assim nos combustíveis, nos adubos, nos insecticidas, na mão-de-obra, em tudo o que é material para embalar os produtos e na electricidade”.

“Não conseguimos ter lucros a entrar e os 20 produtores que trabalham connosco não estão a receber o justo valor e não estamos a conseguir dar a volta”, sublinha o empresário, que equaciona pedir aos agricultores associados para produzirem menos no próximo ano, mantendo-se a tendência dos preços dos custos de produção.

Prejuízos no sector que ultrapassam os 20%, estima a Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO), uma tendência que vai continuar a crescer. Sérgio Ferreira, presidente da AIHO, teme o “abandono ou redução das áreas produtivas, porque têm de gerar receita ao fim do mês ou do ano, para conseguir pagar as despesas e ter algum lucro, porque é para isso que as pessoas trabalham, mas neste momento já nem estamos a falar de lucros, estamos a falar de não perder dinheiro”.

Segundo o responsável, a crise energética “está a criar um impacto fortíssimo no custo dos factores de produção”, com “aumentos enormes nos adubos (…), nos combustíveis e nos produtos fitofarmacêuticos, que sobem todas as semanas”.

O sector factura cerca de 500 milhões de euros e emprega entre sete a oito mil trabalhadores quer nas explorações agrícolas, quer nas centrais de processamento e transformação dos produtos, estima a AIHO.