PCP aponta atrasos na requalificação da Linha do Oeste

O grupo parlamentar do Partido Comunista Português (PCP) questionou o Ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, sobre o processo de modernização da Linha do Oeste.

Numa pergunta entregue na Assembleia da República, assinada pelos Deputados Bruno Dias, Alma Rivera e Duarte Alves, o PCP questiona o ministro sobre os motivos para este novo atraso nas obras. Apesar de a obra ter sido consignada em Novembro do ano passado, o PCP refere que “até à presente data, além de estaleiros instalados junto à estação da Malveira, não fica como evidente o arranque e a existência de trabalhos que consagrem o objectivo final de remodelação e electrificação da linha”. Os comunistas questionaram assim Pedro Nuno Santos sobre os atrasos nas obras, entre as estações de Meleças (Sintra) e Torres Vedras.

Numa nota enviada à nossa redacção, o grupo parlamentar do PCP recorda que a obra, “já várias vezes anunciada, caminha para o quarto ano de atraso”. Os comunistas consideram que esta é uma parte da necessária remodelação e electrificação da linha em toda a sua extensão, um “elemento indispensável ao aproveitamento da importante linha ferroviária para a mobilidade, economia e preservação ambiental” dos territórios.

A Infraestruturas de Portugal (IP), responsável pelo lançamento do concurso e pelo acompanhamento da obra, disse que “a empreitada já está a decorrer, tendo sido desenvolvidos diversos trabalhos”. De acordo com o Notícias ao Minuto, que cita a Agência Lusa, para além da montagem do estaleiro, foi feita a “cintagem de árvores, sondagens arqueológicas, levantamento de edificados, desmatações”, entre outros. A empresa esclarece que estes são “trabalhos preparatórios, realizados em todas as empreitadas, e essenciais para o bom desenvolvimento das mesmas”.

O contrato de consignação para o início da empreitada foi assinado a 6 de Novembro, entre a IP e o consórcio Gabriel A. S. Couto, S.A. / M. Couto Alves, S.A. / Aldesa Construcciones, S.A. O concurso para a obra foi lançado em Julho de 2019 e está orçada em 61,7 milhões de euros. A empreitada vai decorrer durante dois anos em 43 quilómetros da linha.

A intervenção prevê a electrificação integral do troço, a beneficiação de cinco estações e seis apeadeiros e a criação e melhoria dos acessos às plataformas de passageiros para pessoas com mobilidade condicionada. O projecto engloba também a supressão e automatização de passagens de nível, com a construção de nove passagens desniveladas, a instalação de sinalização semafórica, reforçando as condições de segurança e circulação, e a reabilitação estrutural e rebaixamento da plataforma ferroviária para colocação da catenária nos túneis de Sapataria, Boiaca, Cabaço e Certa.

Para além disso, está também programada a construção de uma extensão de via dupla, num total de 16 quilómetros, para permitir o cruzamento de comboios sem necessidade de paragem, entre as estações de Mira Sintra-Meleças e o apeadeiro de Pedra Furada e entre as da Malveira e o quilómetro 44,3 (a sul do Túnel da Sapataria).

Em Outubro do ano passado, a Infraestruturas de Portugal lançou um concurso no valor de 40 milhões de euros para a requalificação da Linha Ferroviária do Oeste entre Torres Vedras e Caldas da Rainha. Depois de ser consignada, a obra vai ter a duração de 10 meses. As duas empreitadas, em conjunto, representam um investimento de 155 milhões de euros, financiado por fundos comunitários.