Poeiras vindas do Saara atingem a Lourinhã

Portugal Continental vai ser atingido até quinta-feira (17 de março). por poeiras africanas que, em caso de precipitação, podem transformar-se em chuvas de lama. Em declarações ao Portal Sapo, a meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Ângela Lourenço, disse que estas poeiras já estão a ser observadas no ar. “Basta olharmos para o céu para ver que a sua cor está diferente. As poeiras estão em suspensão e, devido a efeitos óticos, o céu fica com esta tonalidade diferente, alaranjada e leitosa”, explicou.

As poeiras têm origem em tempestades de areia em Marrocos e na Argélia, no deserto do Saara, que ainda estão em curso. Segundo a meteorologista, as poeiras com origem no norte de África derivam de um fluxo de sul “induzido pela depressão Célia” e “dependendo da sua concentração podem vir para níveis mais próximos da superfície, provocando uma redução da visibilidade horizontal, ou seja, conseguimos ver menos ao longe”.

Ângela Lourenço alerta ainda para uma degradação da qualidade do ar com impacto na saúde nomeadamente em pessoas com problemas respiratórios.

A Direção-Geral da Saúde já admitiu que se verifica “uma situação de fraca qualidade do ar no Continente, com maior expressão nas regiões Norte e Centro”. “Esta situação deve-se à intrusão de uma massa de ar proveniente dos desertos do Norte de África, que transporta poeiras em suspensão e que atravessa Portugal Continental, aumentando as concentrações de partículas inaláveis de origem natural no ar”, lê-se na nota da DGS.

“Este poluente (partículas inaláveis – PM10) tem efeitos na saúde humana, principalmente na população mais sensível, crianças e idosos, cujos cuidados de saúde devem ser redobrados durante a ocorrência destas situações”, indica a Direção-Geral da Saúde.

A entidade de saúde alertou para os cuidados redobrados a ter durante estes dias, deixando um conjunto de recomendações para toda a população, sobretudo para os grupos de risco sinalizados. Evitar esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre, evitar a exposição a fatores de risco, como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes são algumas das recomendações. “Os grupos vulneráveis devem manter-se no interior dos edifícios e preferencialmente com as janelas fechadas”, sublinha a DGS.