Professores protestam em frente à Escola Secundária da Lourinhã

Cerca de 30 professores do Agrupamento de Escolas da Lourinhã uniram-se à greve de docentes que tem vindo a marcar o arranque do segundo período letivo. Esta manhã, estiveram concentrados em frente à Escola Secundária Dr. João Manuel da Costa Delgado (sede de agrupamento), em luta pela defesa da escola pública.

Joana Filipe, professora há 20 anos, considera que as políticas que têm sido implementadas nos últimos anos “não têm dignificado a profissão docente”. A consequência mais grave é a falta de professores que se sente por todo o país. Uma situação, alerta, que coloca em risco a escola pública.

Professora de Português no Ensino Básico e Secundário, com experiência no Ensino Superior, afirma que se tem verificado um “decréscimo abissal” de jovens a entrar na carreira.

Por outro lado, Rosália Caetano, profissionalizada desde 2002, considera que há professores para fazer face às necessidades. No entanto, “faltam é condições para os professores trabalharem neste momento”.

Para esta professora de Português, os docentes devem ser olhados com respeito, “como um trabalhador com direitos”.

“Não é possível dissociar o ensino público do professor”, defende Rosália Caetano. A docente considera que a luta do professor é também pela escola e por todos os alunos.

Modelo de recrutamento de professores

É com preocupação que Joana Filipe vê o novo modelo de recrutamento de docentes. Considera que essa é “uma medida perigosa” que desresponsabiliza o Governo da contratação de professores, que passaria a ser uma responsabilidade das Câmara Municipais e dos diretoras escolares.

“Os professores em luta também estão a ensinar”. Este é um dos cartazes que alguns dos professores têm em mão. Mas o que estão os docentes a ensinar aos alunos com esta paralisação?

Professores em luta pela escola pública

“Não é facilitando o ensino que as pessoas ficam melhores”

Começou a trabalhar na Escola Secundária da Lourinhã há 34 anos. Professora de Inglês e Alemão, Maria Ludovina Gonçalves passou por Peniche e Alvaiázere até regressar à Lourinhã, mais concretamente à Escola Dr. Afonso Rodrigues Pereira, estabelecimento onde terminou a sua carreira de docente.

No início da semana recebeu a carta de reforma. Apesar disso, esta manhã juntou-se aos colegas em luta.

Com o congelamento dos salários, Maria Ludovina Gonçalves vai reformar-se no 6.º escalão quando deveria reformar-se no 8.º. “Há uma diferença substancial no salário ao final do mês”, sublinha. A docente de Inglês e Alemão lamenta ainda a facilidade que tem sido dada aos alunos por parte da tutela.

Os professores do Agrupamento de Escolas da Lourinhã, esta manhã, em luta, pelas políticas que têm conduzido a uma degradação da profissão. Está prevista uma reunião com o Ministério da Educação a 18 e 20 deste mês para uma nova ronda negocial sobre a revisão do recrutamento e mobilidade. Esta será a 3.ª ronda do processo negocial que teve início em setembro.

[Notícia atualizada às 11h54 com o testemunho de Maria Ludovina Gonçalves]