Autarquia e Comissão de Utentes preocupados com fecho de maternidade nas Caldas da Rainha

A Câmara das Caldas da Rainha alertou esta quinta-feira, 25 de maio, para a necessidade de serem garantidos cuidados às utentes da região Oeste, considerando preocupante que as maternidades do hospital local e de Santa Maria encerrem em simultâneo.

Em declarações à Agência Lusa, citado pelo Diário de Notícias, Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas da Rainha, refere que “são muitas obras ao mesmo tempo, apesar de que elas são todas necessárias”. “O facto de se conjugarem todas na mesma altura para nós é ainda mais preocupante”, referiu o autarca.

Vítor Marques mostrou-se “agradado com o facto de haver obra”, cuja necessidade reconhece, admitindo, contudo, “preocupação pela exiguidade dos serviços” que ficarão disponíveis. “No passado houve várias obras que se executaram no hospital e que conseguiram, mesmo assim, mitigar algumas das respostas”, ao contrário do que acontecerá a partir de junho, em que “com a realização da obra não há condições de manter a assistência”.

Em comunicado, o Centro Hospitalar do Oeste, onde se insere o hospital das Caldas da Rainha, informou que no decorrer da intervenção, “a atividade assistencial do Serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) será suspensa, não recebendo novas utentes”, sendo a assistência às utentes do CHO “assegurada pelo Centro Hospitalar de Leiria”.

No hospital das Caldas da Rainha vão manter-se apenas em funcionamento as consultas externas de Ginecologia e de Obstetrícia.

“Preocupa-nos bastante em relação à assistência às parturientes na zona do CHO, na generalidade, e na zona das Caldas da Rainha, em particular”, sublinha Vítor Marques, manifestando a expectativa de que a obra “seja tão breve quanto possível e que em outubro ou novembro o bloco de partos esteja a funcionar para dar resposta a uma zona que não tem outras respostas”.

Também a Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste manifestou preocupação com o encerramento da maternidade das Caldas da Rainha, salientando que há uma sobrelotação no hospital de Leiria, para onde as grávidas serão encaminhadas.

Em declarações à Agência Lusa, citado pelo Notícias ao Minuto, Vítor Dinis, porta-voz da Comissão Cívica de Utentes do CHO, afirma que “a comissão vê com muita preocupação este encerramento”.

Em comunicado enviado à nossa redação, o conselho de administração do CHO justificou o encerramento com realização de obras de requalificação “que visam melhorar as condições de qualidade, conforto e segurança para utentes e profissionais de saúde”.

Segundo Vítor Dinis, a preocupação da Comissão de Utentes prende-se “com a situação em que o hospital de Leiria também está, com excesso de grávidas a irem lá ter bebés e agora levarem com as utentes do Oeste”.

Mais do que a distância entre o Hospital de Santo André, em Leiria, e as três unidades do CHO (58 quilómetros das Caldas da Rainha, 87 de Peniche e 100 de Torres Vedras), a comissão está preocupada com facto de “já estar sobrelotado”.

A comissão vai enviar ao Ministro da Saúde, “com caráter de urgência”, um pedido “para reabrir a urgência pediátrica de Torres Vedras”, que está encerrada no período noturno, entre as 21h e as 9h, desde 1 de abril.

As obras de requalificação e a aquisição de novo equipamentos para a maternidade ascendem a 1.208.316,50 euros, dos quais 401.255,60 euros financiados no âmbito do programa de Incentivo Financeiro à Qualificação dos Blocos de Partos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), 725.000,00 euros financiados pela Câmara das Caldas da Rainha e 82.060,90 euros suportados pelo CHO.

No comunicado, o CHO “lamenta antecipadamente os incómodos que serão causados pelas obras e apela à compreensão de todos na expectativa de que este período de constrangimentos seja posteriormente compensado com a melhoria significativa das futuras instalações e equipamentos da maternidade”.

De acordo com o conselho de administração do CHO, a requalificação vai resultar em “melhores condições de qualidade e segurança para as grávidas e acompanhantes, recém-nascidos e profissionais de saúde, contribuindo de forma significativa para a humanização e segurança dos cuidados prestados”.

O Nascer em Segurança no SNS – Plano Sazonal Verão 2023 estabelece que, além da maternidade das Caldas da Rainha, o bloco de partos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, também fecha para obras no verão.

Das 41 maternidades do país, 27 mantêm-se em pleno funcionamento, nove vão funcionar com dias de encerramento agendados e em rotatividade com outras unidades e duas fecham para obras.