Metade dos utentes de Torres Vedras sem médico de família fora da sede do concelho

Cerca de 52% dos utentes do concelho de Torres Vedras que não integram Unidades de Saúde Familiar (USF) estão sem médico de família. Um despacho dos ministérios da Saúde e das Finanças, publicado em Diário da República, estabelece que a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Torres Vedras, onde estão inseridos os utentes não abrangidos pelas USF, é a única do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Sul considerada carenciada.

Segundo o Torres Vedras Web, que cita a Agência Lusa, o despacho define as zonas geográficas qualificadas como carenciadas para efeitos da atribuição dos incentivos aos procedimentos de mobilidade e de recrutamento de pessoal médico iniciados no início do ano, por estabelecimento de saúde e especialidade médica.

De acordo com o despacho, a medida visa contribuir para “a equidade no acesso aos cuidados de saúde médicos, minimizando as assimetrias que ainda se denotam, sobretudo em zonas mais periféricas ou de maior pressão demográfica”.

Os profissionais que aceitem trabalhar para as instituições identificadas no documento, podem receber um conjunto de incentivos que passam, entre outros, por um vencimento superior em 40%, mais dois dias de férias e preferência na colocação do cônjuge e dos filhos nas escolas e compensação das despesas de deslocação e transporte.

Na UCSP de Torres Vedras, de um total de 41.382 utentes, 52%, ou seja, 23.917 não têm médico de família atribuído. Por outro lado, segundo os dados do portal do Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários, 21.917 (47%) têm médico atribuído.

A percentagem de utentes sem médico de família em todo o concelho é de 35% (o correspondente a 28.266 utentes), se se considerar o número total de utentes (80.322). Assim, em todo o concelho o número de médicos em falta (pelo menos 15) já ultrapassa o número de médicos existente (14).

De acordo com o diretor do ACES Oeste Sul, António Martins, os problemas têm sido minimizados com a contratação de 200 horas semanais a médicos prestadores de serviços, o que equivale ao horário a tempo inteiro de cinco médicos.

Entre os utentes que integram as duas USF existentes no Centro de Saúde de Torres Vedras, na cidade de Torres Vedras e sede do concelho, a percentagem dos que não têm médico de família atribuído é muito inferior, de acordo com o portal.

Na USF Arandis, dos 14.166 utentes apenas 10,4% (1.659) não têm médico e, na USF Gama, apenas 34 utentes (menos de 1%) dos 15.050 não têm médico. Na USF Santa Cruz, na extensão de saúde da Silveira, dos 6.719 utentes, 2.656 não têm médico.

No mesmo despacho do Governo, hoje publicado, também o Centro Hospitalar do Oeste é considerado carenciado para as especialidades de cardiologia, dermatovenereologia, ginecologia/obstetrícia, medicina física e de reabilitação, neurologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, radiologia e urologia.