Oeste: Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior reclamam novo hospital a norte da região

Os municípios de Caldas da Rainha e de Óbidos defendem a construção do novo hospital do Oeste a norte da região, em concreto, num terreno entre estes dois municípios. O município de Rio Maior, no distrito de Santarém, junta-se aos dois municípios do Oeste, alegando que parte da sua população é servida pelo hospital das Caldas da Rainha.

Esta segunda-feira, em conferência de imprensa conjunta, alertam para a necessidade de “ter em conta critérios mais alargados” do que aqueles que foram analisados no estudo encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste.

Os autarcas de Caldas da Rainha e de Óbidos lembraram que desde a adjudicação do estudo que defendem o alargamento dos critérios e contestam as conclusões do documento que pode determinar que o hospital seja construído no Bombarral, deixando “depauperada a zona norte do Oeste”.

Vitor Marques, presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, considera que a localização apontada no estudo é “muito redutora”.

Para os autarcas, a “localização adequada” é num terreno entre Óbidos e Caldas da Rainha, com uma área bruta de construção de 75 mil metros quadrados, entre a Estrada Nacional 114 e a Linha do Oeste. O terreno está ainda perto das autoestradas 8 (que liga a Lisboa) e 15 (que liga a Santarém) e ao itinerário principal 6 (que liga a Peniche). Para o autarca das Caldas da Rainha, as respostas públicas e privadas – e até respostas sociais –, não foram tidas em consideração no estudo.

O presidente da Câmara das Caldas da Rainha apontou ainda o elevado número de pessoas com segundas residências nestes dois concelhos e o facto de “75% das dormidas do Oeste acontecerem no norte da região”. Por isso, considera que “nós temos uma necessidade substantiva maior (do que o sul da região) e precisamos de dar resposta a essas necessidades”.

Na conferência que decorreu na cidade termal, Filipe Daniel, presidente da Câmara Municipal de Óbidos, defendeu que a construção do hospital entre estes dois municípios permitiria também garantir a formação académica destes profissionais.

Numa altura em que se fala cada vez mais da descarbonização, o autarca social-democrata destaca ainda a proximidade da ferrovia.

Rio Maior ao lado de Caldas e de Óbidos

O município de Rio Maior junta-se à contestação destes dois municípios na defesa da localização do novo hospital do Oeste, alegando que parte da sua população é servida pelo hospital das Caldas da Rainha, do Centro Hospitalar do Oeste.

Apesar deste município ter como referência o hospital de Santarém, Filipe Santana Dias afirma que “grande parte da população continua a ser servida nas Caldas da Rainha, nomeadamente nos serviços de obstetrícia”.

Para o autarca, deslocalizar para fora das Caldas da Rainha a futura unidade hospitalar vai deixar cerca de 12 mil pessoas do seu concelho com “menos disponibilidade de serviços e menos qualidade de serviço”.

Filipe Santana Dias lamentou ainda que a escolha seja feita “meramente a regra e esquadro”, e desafiou o ministro da Saúde a ir ao terreno para “perceber realmente o que é a influência do Centro Hospitalar do Oeste no concelho de Rio Maior”. “Não é no conforto do gabinete que se conhece o país real”, sublinhou o autarca.

Cuidados de saúde

Na proposta das três autarquias, o novo hospital poderá incluir 600 camas de internamento, 50 gabinetes de consultas, seis salas de maternidade e seis blocos operatórios, duas salas dedicadas a cirurgia ambulatória, bem como 69 postos de tratamento no hospital de dia.

A infraestrutura, que terá 1.700 lugares de estacionamento, permitirá servir perto de 360 mil pessoas dos concelhos de Torres Vedras, Alcobaça, Caldas da Rainha, Alenquer, Peniche, Lourinhã, Rio Maior, Nazaré, Bombarral, Cadaval e Óbidos.

Vitor Marques alerta para a necessidade de uma “boa decisão”, que vai perdurar “em mais de 50 anos”. Uma decisão, sublinha, que deve ter em conta o território na sua plenitude.

A construção do novo hospital nesta localização está também a ser defendida numa petição pública que conta já com 499 assinaturas.

Os três autarcas afirmaram que vão continuar a bater-se pela localização do novo hospital na confluência dos dois concelhos até que seja conhecida a decisão do Governo, que admitem aceitar se for contrária aquela que defendem.

Recorde-se que a decisão da localização do novo hospital do Oeste vai ser conhecida no final de março. A decisão cabe a um grupo de trabalho, criado pelo Ministério da Saúde, do qual faz parte a antiga ministra da saúde, a lourinhanense Ana Jorge.