A importância do turismo inclusivo, em debate, no Dia Internacional dos Monumentos e dos Sítios
Todos os cidadãos têm direito a usufruir da cultura independentemente da sua condição ou limitação. Foi esta uma das mensagens que foi transmitida esta segunda-feira, 18 de abril, no webinar ‘Turismo Inclusivo: Testemunhos e Projetos’, no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e dos Sítios.
Promovido pelo município da Lourinhã, inserida na agenda cultural do Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, foram apresentados projetos ligados ao turismo inclusivo e partilhadas experiências na primeira pessoa, por quem tem deficiência, e se depara, várias vezes, com desigualdades ou dificuldades no acesso a equipamentos.
Deficiente motora há cerca de seis anos, Catarina Oliveira, uma das oradoras da sessão, deixou o alerta para a necessidade de se falar da acessibilidade como “um direito humano” e não como “um luxo”.
Foram as dificuldades no acesso a restaurantes, hotéis e equipamentos culturais sentidas por Catarina que levaram à criação da página especierarasobrerodas. Tudo começou com uma ida a um restaurante na cidade do Porto.
Apesar de já existirem bons exemplos no que à acessibilidade diz respeito, Catarina Oliveira considera que ainda há muito trabalho a ser feito nesta área. As diferenças entre Portugal e Espanha, por exemplo, são notórias.
A necessidade de formação dos recursos humanos sobre como receber pessoas com deficiência foi um dos aspetos apontados pelas oradoras no webinar. São pequenas coisas que podem fazer a diferença, diz Madalena Ribeiro, formadora e consultora na área do turismo acessível e atendimento a pessoas com deficiência.
Apesar da deficiência visual, Madalena Ribeiro diz ter experiências incríveis em exposições de pintura. A descrição “com emoção e sentimento” por parte dos guias é uma das formas de tornar o mundo da imagem acessível.
Tanto Catarina como Madalena consideram que deveria existir uma outra abordagem no apoio a pessoas com deficiência. Para a consultora, a mudança pode começar com uma pergunta simples.
Território inclusivos
“Precisamos de territórios onde a acessibilidade seja pensada”. Quem o diz é Ana Garcia, da Acessible Portugal. Neste webinar, a presidente da Acessible Portugal apresentou o projeto AcessTUR.
Promovido com o apoio do Turismo do Centro e das sete Comunidade Intermunicipais da região – entre as quais o Oeste -, o projeto visa a promoção do turismo acessível e da inclusão social.
O projeto arrancou em 2019 e teve por base outros dois projetos que produziram efeitos positivos: o BRENDAIT e o TUR4all. Ao todo, nos últimos três anos, foram realizadas 400 visitas técnicas TUR4all nas várias Comunidades Intermunicipais da região Centro para levantamento das condições de acessibilidade e de inclusão e dinamizadas ações de formação e sensibilização por temática: oferta, procura e cidadania inclusiva.
Entre as ações promovidas pela Acessible Portugal está a criação de uma aplicação. A itTUR disponibiliza informação sobre as condições de acessibilidade de diversos itinerários e roteiros turísticos para pessoas com mobilidade condicionada.
No âmbito do AcessTUR foi ainda criado um kit multiformato, com informação em áudio e em braille, oferecendo novos meios de informação aos visitantes com acessibilidade condicionada que não conseguem ouvir ou ver. No caso da Lourinhã, o kit foi desenvolvido para a Mostra de Arte Pública de Moledo.
E porque a sensibilização também deve ser feita junto dos mais pequenos, a Acessible Portugal criou ainda um Pack Ensino, destinado à sensibilização para o tema da deficiência e inclusão. Pensado para o ensino básico, este pack é composto por várias valências para ajudar a formar os “guardiões da inclusão”. É o caso de um jogo de tabuleiro.
O projeto AcessTUR aqui apresentado por Ana Garcia, presidente da Acessible Portugal, no webinar ‘Turismo Inclusivo: Testemunhos e Projetos’, promovido pelo município da Lourinhã. Este projeto valeu a atribuição do Prémio Nacional de Turismo 2021, na categoria Turismo Inclusivo, à Acessible Portugal. Promovida pelo Expresso e pelo BPI, a iniciativa, que contou com 439 candidaturas, distingue as melhores empresas, práticas e projetos turísticos em Portugal.