Mês da Prevenção dos Maus-tratos na Infância: 278 casos registados na CPCJ da Lourinhã no ano passado

Foto: Arquivo RCL (Hugo Bessa - presidenta da CPCJ da Lourinhã)

Consciencializar para os maus-tratos na infância está entre os objetivos da exposição ‘Uma milha nos meus sapatos’ que, até ao final deste mês, pode ser vista na Biblioteca Municipal da Lourinhã. A iniciativa decorre no âmbito do Mês da Prevenção dos Maus-tratos na Infância, uma data assinalada anualmente pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).

Hugo Bessa, presidente da CPCJ da Lourinhã, conta-nos que esta é uma exposição com casos reais, acompanhados pela comissão entre 2014 e 2018. Uma “exposição forte”, onde apenas os nomes das crianças foram alterados.

A CPCJ da Lourinhã registou, durante o ano passado 278 casos, mais 22 do que no ano de 2021 (256). Para Hugo Bessa, o aumento no número de processos que, no último ano, deram entrada na CPCJ da Lourinhã deve-se a “uma maior sensibilização e consciencialização para esta problemática”.

A sinalização online, feita de forma totalmente anónima, foi a forma de denúncia que mais cresceu no último ano.

A par da sinalização online – feita através de formulário – as autoridades e os estabelecimentos de ensino continuam a ser os principais grandes sinalizadores de situações de maus-tratos no concelho. Em 2022, as autoridades policiais foram responsáveis pela sinalização de 120 casos e as escolas de 25, segundo dados do Relatório de Atividades da CPCJ da Lourinhã referente a 2022.

Aumento de casos na adolescência

O pós-pandemia, com o regresso ao ensino presencial, fez aumentar o número de sinalizações nos adolescentes. Dos 278 casos sinalizados no ano passado, 58 dizem respeito a faixa etária dos 15 aos 17 anos e 53 dos 11 aos 14 anos.

A exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e o desenvolvimento da criança foi a problemática mais sinalizada no ano passado, com 88 casos sinalizados. De acordo com Hugo Bessa, falamos de casos em que as crianças são expostas a comportamentos de risco, “no seio familiar, casos de violência doméstica ou negligência”, ou na escola, casos de bullying.

No que há problemática dos maus-tratos diz respeito, a CPCJ da Lourinhã registou 32 casos, mais 13 do que em relação a 2021.

No âmbito do Mês da Prevenção dos Maus-tratos na Infância, a CPCJ da Lourinhã distribuiu sacos de papel, em pastelarias e padarias do concelho da Lourinhã – e respetivas freguesias – com o intuito de alertar para esta problemática. “Serei o que me deres…que seja Amor” foi a frase imprensa nos sacos que foram distribuídos. Para além dos sacos, foram ainda distribuídos pelos membros da Comissão Alargada da CPCJ laços azuis, bem como a história do laço azul.

Há semelhança dos anos anteriores, foram também promovidas iniciativas junto da comunidade escolar, como a elaboração de laços azuis e dramatizações em sala de aula sobre a história do laço azul.

A campanha do Laço Azul nasceu em 1989 quando uma mulher norte americana (Bonnie Finney) colocou uma fita azul na antena do carro, em homenagem ao seu neto, vítima mortal de maus-tratos. O seu ato simbólico fez com que abril passasse a ser o Mês Internacional da Prevenção dos Maus-tratos na Infância.